#12 FAZER NASCER A MISS TATA: O PROCESSO CRIATIVO
Criar uma marca é como ter um filho. É acompanhá-lo diariamente, desejando que cresça forte e saudável. Feliz.
Criar uma marca é sempre um desafio. Dar-lhe nome, forma, valores, personalidade e conteúdo. Dar-lhe um propósito. É um processo de intensa partilha, entre cliente e equipa de projeto, desde logo, na fase de briefing em que o desafio nos é lançado assente nos objetivos estratégicos, que muitas vezes ajudamos a definir. Aqui, ouvir e perguntar, partilhar e discutir é ponto de partida para uma viagem assertiva até ao objetivo final. Dar-lhe vida.
O desafio é ainda maior quando o produto que vamos abraçar é, de alguma forma, indiferenciado: “batatas são batatas”. Ou quando, para além disso, o produto está já associado a convicções ou mitos que se foram cimentando na perceção do público ao longo do tempo como: “a batata engorda”, “as batatas brancas são para cozer e as vermelhas são para fritar”, entre tantos outros. Informar de forma clara é um dos pilares de uma marca, que pretende ser referência. Ainda mais tratando-se de uma marca coletiva que pretende ser voz de um setor. Informar é credibilizar, criar valor, assente nas características únicas do produto. São essas especificidades que vão contribuir para a definição da estratégia de abordagem ao mercado. São elas que vão aproximar e envolver o grande público com a Batata Portuguesa nos mercados e assim o desafio aumentou e o entusiamo também.
O que diferencia afinal batata portuguesa? O que a torna única no mundo? Produzida entre Maio e Agosto, é a primeira batata a aparecer no mercado, o que lhe dá uma janela de oportunidade face à Europa, é “batata nova”. Não compete em quantidade mas em qualidade. Não tem conservantes é natural; é uma preciosidade, uma iguaria; é versátil, utilizada “da cabeça aos pés”. É, na verdade, um dos alimentos mais usados na Dieta Mediterrânica – considerada um dos padrões alimentares mais saudáveis do Mundo. Estavam assim definidos os pilares, as vantagens competitivas da batata portuguesa, sobre os quais deverá assentar a sua comunicação. Dar um nome a um filho é uma decisão muito discutida pelos pais, muitas vezes alargada à família mais próxima. É como se o nome tivesse já, em si, um sentido premonitório sobre quem será, no futuro, essa pessoa. Há, desde logo, uma associação mais positiva ou não a cada nome que vai surgindo na lista de possibilidades: “Manuel, até gosto, mas faz-me lembrar um tipo lá da escola, que não gostava nada”, “Maria, seria uma bonita homenagem à avó”; “Carlos, a mãe gosta mas o Pai não adora”… Indecisões parecem surgir com a mesma certeza de que se procura um nome que seja digno para o nosso filho. Com uma marca acontece o mesmo. Procuramos um nome único e especial. Que tenha a força de representar o produto, que seja fácil de pronunciar, curto direto e eficaz, que rapidamente se associe ao produto, que fique connosco, na nossa memória. Não é de todo o único factor a ter em conta. O primeiro impacto com uma marca, as suas características extrínsecas – a sua forma física, a sua cor – assim como as suas características intrínsecas – os seus valores, os seus atributos e personalidade, aquilo que nos traz de único; é esse conjunto que faz o todo e que, para além de estabelecer um primeiro contacto, de experiência e resposta a uma expectativa, permite, acima de tudo vir a estabelecer uma relação duradoura da pessoa com a marca.
A Miss Tata é uma marca coletiva para a promoção da batata portuguesa. Apetitosa, versátil, dinâmica e colorida, bem disposta. É autêntica e real. É “Miss”, embaixadora das batatas portuguesas no mundo, tem nela atributos que conduzem a uma alimentação nutritiva e equilibrada. É batata nova, menina e mulher é líder! E tantas são as variedades de batata no mundo com o nome de mulher. É “Tata” com nome próprio e universal, a sua sonoridade e dicção é transversal e percetível em várias línguas. É selo, bandeira. Tem orgulho de ser portuguesa, é batata portuguesa no mundo com certeza. O conhecimento e reputação de um produto constrói-se todos os dias, com ações coerentes que reforçam a sua mensagem e posicionamento na perceção dos vários públicos-alvo. Criar uma marca é como ter um filho. É acompanhá-lo diariamente, desejando que cresça forte e saudável. Feliz.
A Miss Tata que agora chegou, deverá poder contar com todos os que leem este artigo. Cada um de vós poderá ser terreno fértil, veículo de comunicação, para que ela possa florescer e cumprir a sua missão: representar a batata portuguesa no mundo, com certeza.
Artigo publicado na edição de novembro da revista Fruta, Legumes e Flores
Gisela Pires
Partner da agência Evaristo
gisela@agenciaevaristo.pt
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