#47 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: PARA QUEM VAMOS COMUNICAR?

#47 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: PARA QUEM VAMOS COMUNICAR?

Hoje, as ferramentas já nos permitem dar instruções à máquina, definir o tom, os temas, as ideias base. Em segundos, nasce um texto bem estruturado, lógico e interessante. Mas que texto é esse? Como é que chega ao leitor e lhe dá a mão? Será capaz de estabelecer ligação emocional?

A velocidade estonteante com que a Inteligência Artificial entrou nas nossas vidas é tal que não arrisco a dizer-lhe, caro leitor, que tudo o que aqui está escrito se mantém atualizado na hora em que estiver a ler esta página.

A pandemia migrou as relações humanas para o digital, o pós-pandemia manteve esse mundo de teletrabalho, reuniões zoom e mensagens no Whatsapp, e acelerou tecnologia para a qual não estávamos preparados antes de aparecer um certo vírus altamente contagioso que nos trancou em casa. Há um antes e um depois no que toca à forma como a Inteligência Artificial é usada e está à nossa disposição.

Esta revista que todos os meses nos informa sobre as novidades do setor das frutas e legumes poderia ter sido feita com recurso a Inteligência Artificial. Este texto também. As ferramentas hoje já nos permitem dar instruções à máquina, definir o tom, os temas, as ideias base. Em segundos nasce um texto bem estruturado, lógico e interessante.

Mas que texto é esse? Como é que chega ao leitor e lhe dá a mão? Será capaz de estabelecer ligação emocional? De inspirar? Acredito que (ainda) não.

Se precisa de uma mensagem igual às outras, recheada de lugares comuns, de tudo o que já viu e leu na internet e nas redes sociais, então é uma ferramenta a ter em conta. Irá, com certeza, poupar horas de pesquisa e usar esse tempo precioso para outras tarefas. Contudo, pergunto-me quem será o consumidor da sua mensagem. E que motivos terá para continuar a querer ler o que escreve ou o que partilha.

O nosso tempo de atenção é cada vez mais reduzido e a verdade é que todo o conteúdo que nos entra pelo ecrã é cada vez mais igual, ditado pelo algoritmo e por uma medição desenfreada dos nossos hábitos que nos impede de ver o mundo como realmente é.

Há já serviços muito completos: fazem planeamento de redes sociais, produzem textos para blogues, publicam, tudo em segundos. E não há problema. É um comboio em andamento inevitável e há setores que se tornaram quase dispensáveis de um dia para o outro.

Mas acredito na humanidade da produção de conteúdos. E em fazer o que a máquina não faz: ir para o terreno, olhar nos olhos do interlocutor, sentir as suas angústias e paixões e, depois, contar a história. É preciso não ceder à tentação do que é fácil. A diferenciação está aqui. É que ser humano dá muito trabalho.

Ana Rute Silva
Partner Agência Evaristo
anarute@agenciaevaristo.pt

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