#13 A POESIA DAS MARCAS

#13 A POESIA DAS MARCAS

Encontrar e manter a poesia das coisas é uma tarefa hercúlea. É um trabalho de todos os dias que começa pelo planeamento. Temos 365 dias para comunicar.

Nos negócios estamos cá todos para ganhar dinheiro. É certo. Assim descrito não lemos aqui qualquer poesia. Contudo, qual é a empresa que floresce sem a visão e a paixão dos seus líderes? Que cresce sem o envolvimento e a motivação das suas equipas, sem a aposta constante na qualidade e na diferenciação dos seus produtos e marcas, sem a vontade de querer fazer sempre mais e melhor?

A poesia acontece quando nos dedicamos com verdade. Quando acreditamos. Mas não é feita de perfeição. É muitas vezes no drama do desafio que a encontramos. E como se vive, se partilha com transparência esta verdade se não através da comunicação? Sussurrar ao ouvido do consumidor, dando-se a conhecer. Conquistar nele a identificação, a vontade de experimentar, de repetir, fidelizando-o. É esta a poesia das marcas.

Traçar o plano de marketing e de comunicação anual é fundamental. Não pode ser descurado. Mergulhar todos os anos na essência da empresa e na reflexão estratégica sobre quem se é, onde se está, para onde se pretende ir, é uma discussão necessária para crescer de forma sustentada. Planear é fazer acontecer.

O primeiro passo será sempre analisar o cenário de partida. Contextos sociais, económicos, políticos e culturais ditam as oportunidades ou os condicionalismos de uma forma global. São eles que nos dizem se estamos ou não a dar resposta às necessidades ou aspirações dos consumidores. O contexto de pandemia em que vivemos ditou e continua a ditar todas as nossas ações. Ainda esta semana li um artigo da NIT: “A nova moda: quartos de hotel transformam-se em salas de jantar privadas. Nos Estados Unidos, os Chefs resolveram inovar para combater a pandemia e a falta de clientes. Os hotéis deram uma ajuda.”

Restauração e hotelaria, dois setores que muito têm sofrido com a pandemia, aliam-se em soluções criativas para, juntos, encontrarem novas soluções. Isto é a poesia da resiliência. Sabemos que não iremos voltar ao que éramos antes da pandemia. Estaremos todos diferentes. Nós e o mundo. E nessa altura, mais uma vez, a forma de abordar o mercado terá de ser adaptada.

Para além dos contextos, analisar a concorrência procurando sempre o Oceano Azul deverá ser outra preocupação constante. É aquele momento em que se mergulha num mar de novas formas de fazer acontecer, se identificam e se definem as vantagens competitivas e únicas de cada negócio – o posicionamento.

Não descurar a cultura interna da empresa,tendo a perceção de que os colaboradores e as equipas são os primeiros embaixadores de qualquer marca. Estabelecer objetivos estratégicos claros e objetivos, definir as ações tendo em conta os públicos-alvo, identificar os canais e meios de comunicação mais adequados. Definir timings e orçamento. Nunca perder de vista o valor acrescentado do produto ou do serviço que estamos a oferecer. São as tarefas que temos pela frente.

Encontrar e manter a poesia das coisas é uma tarefa hercúlea. É um trabalho de todos os dias que começa pelo planeamento, passando pela sua constante adaptação até à capacidade de implementação. O desafio de contar a história de cada marca de forma clara, não apenas com base no que se diz ou escreve mas, sobretudo, na evidência das ações reais é a maior poesia de todas. É passar do “vamos fazer” para o “fizemos”. Temos pela frente 365 dias para fazer acontecer. Temos 365 dias para comunicar.

Artigo publicado na edição de dezembro da revista Fruta, Legumes e Flores

Gisela Pires
Partner da agência Evaristo
gisela@agenciaevaristo.pt 

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